Uma reflexão sobre o potencial restaurador de um bom bate-papo com quem nos quer bem. Por: Cleiton Oliveira, Time de Comunicação da Cyclos
Assim diz um provérbio milenar: “É melhor serem dois que um, pois um ajuda o outro a alcançar o sucesso. [...] Sozinha, a pessoa corre o risco de ser atacada e vencida, mas duas pessoas juntas podem se defender melhor. Se houver três, melhor ainda, pois uma corda trançada com três fios não arrebenta facilmente”. Permita-me repetir algumas dessas palavras para que possamos saborear e ponderar a verdade que o texto destila. “É melhor serem dois que um...”. Você reparou a expressão “É melhor”? De fato, nós, seres humanos, não podemos viver sozinhos: somos seres sociais e, desde a mais tenra idade, precisamos uns dos outros para sobreviver. Isolados, perdemos o melhor da existência.
Descobertas recentes da Psicologia Positiva têm comprovado a importância dos relacionamentos interpessoais para a manutenção da alegria e do bem-estar. Em sua célebre entrevista ao canal Aprendemos Juntos, uma iniciativa do Banco BBVA e do jornal El País, Tal Ben-Shahar, professor da “Ciência da Felicidade” na Universidade de Harvard (EUA), diz que relacionamentos são a coisa mais importante para uma vida feliz.
No bate-papo com Zuberoa Marcos, jornalista e doutora em Biologia, Shahar aponta pesquisas que Martin Seligman e equipe realizaram com o objetivo de descobrir o que faz as pessoas felizes. Seligman é considerado o pai da Psicologia Positiva. Tais investigações concluem que, em âmbito individual, as pessoas mais felizes do mundo são aquelas que mantêm relacionamentos sólidos e os tratam com prioridade. A ciência tem comprovado que nutrir laços afetivos é essencial para quem deseja ter mais qualidade de vida.
“A ciência tem comprovado que nutrir laços afetivos é essencial para quem deseja ter mais qualidade de vida.”
Comunicação
O que nutre todo relacionamento interpessoal? A resposta a tal pergunta pode ser supreendentemente simples, mas igualmente desafiadora: comunicação. Essa é a chave para a construção de conexões significativas e transformadoras. Grandes amizades e parcerias nascem de conversas, de momentos de troca e aprendizado, dessa rica dinâmica de ser e de ter alguém, que nos faz crescer e que nutre o cotidiano com ritmo, emoção e cor.
Aqui, no entanto, reside um ponto importante: comunicar-se, no intuito de fortalecer vínculos, requer abertura para mostrar vulnerabilidades — o que não quer dizer agir de maneira vexatória e exagerada, colocando-se como o ser mais desprezível da espécie humana, nada disso! Ao conectar-nos com aqueles que nos amam, pedindo-lhes ajuda quando necessário, revelando-lhes pontos de debilidade, expressando-lhes nossos anseios, frustrações e medos mais íntimos, abrimo-nos para uma vivência mais leve, deixando a sufocante necessidade de manter as aparências.
Conversar de coração para coração tem um imenso poder terapêutico. Ao contar nossa história, ao verbalizar alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, fortalezas e pontos fracos, colocamos para fora o que pode, de alguma forma, exercer pressão, gerar ansiedade e causar depressão. Como diz Brené Brown, professora e pesquisadora na Universidade de Houston (EUA), em seu livro Eu achava que isso só acontecia comigo: “Mais do que qualquer outro método, contar histórias é nossa forma de comunicar quem somos, como nos sentimos e o que precisamos dos outros” (Sextante, 2019). Sim, precisamos de ouvidos atentos, de gente de carne e osso que nos entenda e estenda a mão.
Ao elaborar pensamentos e sentimentos e falar sobre eles, podemos enxergar as situações mais objetivamente, obter conselhos ou questionamentos que nos levem a considerar outros pontos de vista. Tal dinâmica gera empatia, cura e alívio. Não é à toa que uma das orientações para evitar o suicídio seja justamente conversar, contar para alguém o que gera angústia e infelicidade. Para quem tem dificuldade de se expressar, orar pode ser um bom começo! Afinal, a oração é uma conversa.
Diante disso, reflita: como estão seus relacionamentos? A quem você recorre quando seu mundo “desmorona”? Você sente vergonha de demonstrar fraqueza? Se sim, como pode mudar tal situação e começar a desfrutar dos benefícios de uma boa conversa com alguém de confiança? Caso relute para se abrir com alguém de seu círculo mais íntimo, quais profissionais ou pessoas vocacionadas você pode contatar? De que forma enxerga os frutos da interação com pessoas de confiança em suas emoções e em seu cotidiano? Pense a respeito, dê o primeiro passo e viva ao máximo. Invista em boas conversas e na construção de relacionamentos significativos. Converse, bata papo, comunique-se e C-O-N-E-C-T-E-S-E. Isso pode fazer você mais feliz! A sabedoria milenar e a ciência estão de acordo nisso!
Cleiton Oliveira
Cleiton Oliveira é jornalista, tradutor e ghostwriter. Atualmente, dedica-se à produção de conteúdo, à consultoria para novos autores e ao ensino de línguas (português, inglês e espanhol). É criador dos Projetos “Por toda a Terra: Mensagens de Vida para as Nações” (portodaaterra.com) e “Portuguese With Cleiton (portuguesewithcleiton.com)”, iniciativas que têm o objetivo de inspirar e capacitar leitores espalhados nos cinco continentes.
Quando escolhemos este tema para desenvolver e estruturávamos possíveis abordagens já foi muito agregador. Quando o artigo ficou pronto e o Cleiton iniciou uma "conversa" com nossos pensamentos realmente muito me inspirou. Fica a dica: Como estão as conversas em nosso cotidiano, elas precisam ser transformadoras, verdadeiras e servirão, sem dúvida, como remédios e injeções de animo e fortalecimento. Amei Cleiton! Parabéns!