Insights para quem deseja aprimorar a comunicação interpessoal. Por: Cleiton Oliveira, Time de Comunicação da Cyclos
A boa comunicação vai além do uso de palavras. Ela mescla ingredientes adicionais que viabilizam não apenas a transmissão de determinada mensagem, mas também sua compreensão. Sabemos que comunicamos bem quando o interlocutor entendeu o que dissemos.
Não é raro encontrar pessoas que, por mais que estejam se comunicando — e, às vezes, se esgoelando —, possuem a sensação de que algo está errado, pois ninguém as entende. Talvez, a falha delas resida justamente na incompreensão do mundo do outro, ao negligenciar o papel fundamental do receptor na dinâmica interpessoal.
Comunicar não é apenas lançar uma mensagem a alguém, mas adequá-la a quem a recebe: é facilitar o processo de interpretação. Ao deixar de ponderar como o interlocutor pensa e entende a realidade, sem considerar que ele é alguém com uma história, um repertório e um contexto que influenciam em sua maneira de entender e sentir, podemos errar no tom, no modo, nos gestos e na linguagem.
“Comunicar não é apenas lançar uma mensagem a alguém, mas adequá-la a quem a recebe: é facilitar o processo de interpretação.”
“Quem é o seu interlocutor?” “Como ele pensa?” “Qual é a sua trajetória?” “Quais são suas experiências?” “Ele tem maturidade, formação ou algum grau de conhecimento acerca do que lhe está sendo comunicado ou exigido?” “Como é estar na pele dele?” Antes de iniciar uma conversação, um feedback ou qualquer ato comunicativo, refletir sobre esses tópicos é fundamental.
Em seu livro O caminho da felicidade: Encontrando a verdadeira alegria em um mundo de decepções e expectativas frustradas (Thomas Nelson Brasil), o autor americano Max Lucado conta a exitosa experiência de Raleigh Washington, um afrodescendente que dedicou grande parte de sua vida à conciliação entre raças. Conforme aponta, a frase mais importante que Raleigh aplicou na construção da amizade entre os grupos raciais foi justamente: “Ajuda-me a entender como você é?”. Feito isso, sugere Max, deve-se deixar as reservas de lado e começar a ouvir — de verdade!
O que e como você diz
Recentemente, durante uma aula sobre o modo imperativo — flexão verbal usada para os comandos, as ordens e as chamadas de atenção, como “olhe!”, “repita!”, “pare!” e “saia daqui!” — tive um agradável momento de interação com um aluno acerca da importância de como falamos, dos elementos comunicativos que extrapolam o mero uso das palavras. Conforme lhe disse, no ato de comunicar, tudo depende da seleção de ingredientes verbais e não verbais. Tudo tem seu lugar, das palavras aos sons, da expressão mais séria ao riso nos lábios. Há inúmeras maneiras de dizer “preste atenção!”, cada uma delas carregada de significados e com potencial para gerar diferentes reações.
Nesse sentido, se a intenção é fazer-se respeitar ou impor limites, por exemplo, o emissor deve ser claro ao transmitir o que sente e reprova. No entanto, deve fazê-lo com educação, de maneira assertiva, ética e responsável, sem ferir a dignidade do outro. Se a situação não exige sorriso, expressá-lo poderá afetar a efetividade do que está sendo comunicado. Quantas vezes você ficou frustrado (a) ao abrandar uma situação com brincadeiras que culminaram na má interpretação de sua real intenção? Neste caso, o problema não residiu no fato de que o interlocutor não o/a entendeu, mas sim na mensagem que lhe foi transmitida e que foi interpretada como ironia.
Se você sente que ninguém entende o que você diz, avalie como está se expressando. Tente enxergar-se como quem está de fora. O que você está emitindo condiz com a realidade de seu interior?
Se preciso, ensaie o que dirá e como se comportará durante a conversa, a reunião, o feedback ou a orientação. Pense em como ser o mais claro possível, sem ser violento (a) ou rude. Lembre-se de que a boa comunicação é essencial para a vida — profissional e pessoal — , ela pavimenta o caminho para uma vivência mais gratificante.
Para aprimorá-la, considere esta dica: entender o mundo do outro e facilitar-lhe a interpretação. Esforce-se para ser transparente, conheça a pessoa, o time ou o público que está diante de você, reflita acerca de como tornar a sua mensagem mais objetiva, selecione os ingredientes com cuidado — tom, gestos, postura, palavras, linguagem —, comunique-se com confiança e comece a ver os resultados.
Cleiton Oliveira
Cleiton Oliveira é jornalista, tradutor e ghostwriter. Atualmente, dedica-se à produção de conteúdo, à consultoria para novos autores e ao ensino de línguas (português, inglês e espanhol). É criador dos Projetos “Por toda a Terra: Mensagens de Vida para as Nações” (portodaaterra.com) e “Portuguese With Cleiton (portuguesewithcleiton.com)”, iniciativas que têm o objetivo de inspirar e capacitar leitores espalhados nos cinco continentes.
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